quinta-feira, 3 de maio de 2012

REFLEXÃO


A PIPOCA
Rubem Alves


A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.
Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.
Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.
As comidas, para mim, são entidades oníricas.
Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.
A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.
A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.
Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.
Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.
Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos.Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.
"Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.
Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.
Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á". A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...
"Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu".

O texto acima foi extraído do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP), onde o escritor mantém coluna bissemanal.

LEITURA E ESCRITA DIGITAL



LEITURA E ESCRITA DIGITAL


Leitura e escrita digital

                                 Nos dias de hoje, ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever, tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas contemporâneas. Há alguns anos, não muito distantes, bastava que a pessoa soubesse assinar o nome, porque dela, só interessava o voto. Hoje, saber ler e escrever de forma mecânica não garante a uma pessoa interação plena com os diferentes tipos de textos que circulam na sociedade. É preciso ser capaz de não apenas decodificar sons e letras, mas entender os significados e usos das palavras em diferentes contextos.
A cultura digital propõe uma nova estratégia de alfabetização, que acontece a partir do manuseio das teclas do computador que são apresentadas à criança e ela desde muito cedo vai tendo contatos com variados textos escritos, jogos, fotos, músicas, slides, filmes, vídeos, desenhos, animações e outras ferramentas que dão a ela a possibilidade de multileituras ao mesmo tempo, isto faz com que a criança interaja e conquiste autonomia no seu processo de alfabetização. Antes, através dos impressos o aspecto físico e visual dos livros era estável e controlado de modo exclusivo pelo autor. Já atualmente o livro eletrônico é fluido, dinâmico o que facilita o surgimento de outros estilos de escrita e de leitura que exigem utilização de novas formas ou estratégias didáticas para o desenvolvimento do processo de letramento.
A cultura digital leva os processos educacionais a sofrerem uma profunda transformação especialmente na fase de alfabetização e no processo de letramento que se inicia cada vez mais cedo. A sala de aula é transformada em um espaço colaborativo de aprendizagem. A postura do professor deverá possibilitar aos aprendizes desenvolver diversas competências através de atitudes compartilhadas, coletivas e sociais.
            Com relação ao papel da leitura e da escrita na escola um aspecto que consideramos como ganho são as inúmeras possibilidades que o aluno tem em pesquisar e aprofundar os conteúdos e mesmo fazer diferente leituras de acordo com seu interesse pessoal. Um aspecto negativo  é quando os alunos interagem um com outro, criando vícios que são levados para sala de aula ou utilizam as informações sem a intenção educativo.
             Diante dessa situação o professor tem o papel de ser um mediador para poder despertar no aluno uma boa utilização dos meios tecnológicos, sem ser visto pelo educando como um repressor, mas alguém que possa contribuir nas suas descobertas.
            A escola necessita estar atualizada e possibilitar ao aluno diferentes aprendizagens, ou seja, muitas vezes entrar dentro da realidade onde estão inseridos.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Projeto Pedagógico

PROJETO
PROJETO

TEMA: Novas Tecnologias na Escola

TÍTULO: Infoeducação – Objeto Educacional do século 21

JUSTIFICATIVA: Nossos estudantes precisam aprender não só a usar, mas posicionar-se em relação ao aparato informacional que os envolve. Precisam aprender a atribuir valor a livros, revistas, a fontes informacionais diversas e díspares como tv, rádio, computadores, web, cds , dvds. Por outro lado, precisam saber relacionar-se e, igualmente, atribuir valor a instâncias informacionais de nossa época, como bibliotecas, museus, centros de arte, de cultura, de memória, e demais espaços, códigos e linguagens constitutivos dos processos de conhecimento. Sem tais aprendizagens culturais, sem a construção de atitudes diante do bombardeio informacional que nos acomete, será difícil oferecermos oportunidades a nossos alunos de participação ativa e autônoma na cultura multiforme, dinâmica e complexa dos tempos atuais. Com isso, estarão participando ativamente e não com mero suporte dos processos de ensino-aprendizagem. Estarão, em articulação com os demais educadores, dando respostas necessárias às demandas nascidas em época recente e indispensáveis aos processos educativos do século 21.

OBJETIVOS:

  • Despertar no educador um novo olhar diante das novas tecnologias;
  • Iniciar o educador no uso das TICs;
  • Familiarizar o educador com o letramento informacional (web, laboratório de informática, midiotecas, livros, tv, dvds, dentre outro).

PÚBLICO-ALVO: Educadores e especialistas da E.E. Tiburtino Pena.

PERÍODO: 21/05/2012 a 18/07/2012.

DESENVOLVIMENTO

INTRODUÇÃO: Nas últimas três décadas, novas ferramentas tecnológicas e mídias foram introduzidas em nosso cotidiano numa velocidade quase delirante. Ofertas e demandas brotam espontaneamente, exigindo agilidade de praticamente todos os segmentos da sociedade. Num era em que especializações técnicas começam a ganhar mais terreno do que as próprias relações humanas, a educação precisa fincar suas estacas, mostrar que acompanha a alucinante revolução da informação. E os programas de formação para domínio da informática estão aí para isso.

ATIVIDADES PROPOSTAS

  1. Dinâmica de sensibilização dos educadores no uso das tecnologias;
  2. Exposição oral sobre a infoeducação – apresentação de texto;
  3. Apresentação do blog da escola criado pelos cursistas do proinfo 40 horas;
  4. Postagem por área pelos educadores participantes;
  5. Sugerir atividades de sala de aula para os educadores e nas diversas áreas para contribuição no blog.

AVALIAÇÃO:

Deve acontecer após apresentação das atividades aos educadores e ao longo do período de desenvolvimento do projeto.

Equipe idealizadora: Dalila Silveira , Sandra Dalva, Alex Marlon, Angélica Patrícia.
"Aos que morreram não dedico nenhum minuto de silêncio, e sim, toda uma vida de luta". Hebe Bonafini.
Eterno Che...
Cheguevara1